sexta-feira, novembro 24, 2006

Essa vida é um Churrasco... Alguém Conhece um Lúcio Lopes?

-Lúcio, tas a perder o juízo… pensa em coisas normais, pá!
Levantou-se do banco, com a sensação clara que devia ficar mais um pouco.
- Ir embora, para quê? Para onde?
De pé deu uma volta sobre si mesmo e voltou a sentar-se. Aproximava-se um grupo de turistas com o ar típico de espanholas.
Saiu a passo rápido quando se apercebeu do ridículo que era estar ali, com aquela vista magnifica sobre o rio a apreciar um grupo de estudantes espanholas.
É claro que se arrependeu da fuga.
Há já algum tempo que tinha desistido de andar com o telemóvel, quando se lembrava dele e de como lhe fazia falta para ligar a alguém ou mandar uma mensagem, sentia-se vitorioso em deixá-lo em casa. Parece que esta tinha sido a sua única vitória nesta grande derrota… Fartou-se de incomodar os outros, de telefonar nos momentos mais constrangedores… cansou-se de ser arrastado para universos ainda mais negros por um simples conjunto de letras abreviadas e escritas à pressacom o polegar e sem nenhuma utilidade aparente.
Foi só depois de muitos tiros ao lado e depois de ter perdido completamente o jeito e o tacto para a coisa que tomou esta decisão. Acabaram-se as mensagens e os telefonemas a meio da noite ou ao Domingo à tarde. Hoje o seu telemóvel tinha um papel bastante mais ajustado e secundário que em outros tempos, todavia continuava a respeitá-lo e eram várias as vezes durante o dia em que o sentia e verificava se alguém tinha ligado ou coisa no género. Agora que o telefone ficava em casa parece que o tempo esticava…Passava o tempo à espera dos amigos no café ou à porta do cinema.
Invariavelmente diziam-lhe: - Ainda tentei ligar-te!
Uma das vantagens era aparecer de surpresa num lado qualquer onde desconfiava que um amigo ou amiga ia estar… Terá sido das poucas pessoas que se apercebeu que com os telemóveis a surpresa e a sorte se tinha acabado. Sorte porque chegava a ir a dois ou três bares em lados opostos da cidade e a sorte não lhe trazia ninguém conhecido… mas nem sempre era assim.
Embora com 32 anos sentia-se tão velho como aquele velho marco do correio com a tinta vermelha a estalar.
O que mais lhe custava entre passeios errantes de tardes de Domingo e saídas à noite totalmente infrutíferas, eram as noites… a cama assustava-o, dormir começou a ser um bem tão precioso como a sua própria sanidade.
Claro que havia noites mais complicadas que outras e entre estas formavam-se ciclos com requintes de malvadez. Aos fins-de-semana então era mesmo para esquecer, podia deitar-se naquela cama grande e vazia às horas que quisesse…custava a adormecer, ficava ansioso suplicava por descanso… adormecia e passadas 2 horas despertava. Rodopiava na cama, doía-lhe o corpo, tinha movimentos involuntários do corpo… respirava aceleradamente… exasperava… aconteciam-lhe praticamente todas as funcionalidades do corpo, menos dormir… espirrava, tinha calor, fome, sede… tudo.
E isto apenas em termos meramente fisiológicos porque pela sua cabeça passavam os mais estúpidos pensamentos por onde nunca ninguém tinha ousado divagar… juntando a isto o ciúme e a frustração que habitualmente se deitavam com ele…
Ás vezes tinha mesmo de se levantar às 4, 5 da manhã pegar no carro e ir dar uma volta para queimar alguma daquela energia que se lhe ia acumulando no corpo e se enrodilhava nos lençóis.
Saía envergonhado com o nascer do sol, pedia pelo menos não encontrar nenhum vizinho ou alguém conhecido que o obriga-se a inventar uma ida à pesca, ou uma viagem prá terra. Até porque nunca sabia a que horas ia voltar e também não era a primeira vez que entrava no carro enfiava a chave no canhão e não conseguia ir a lado nenhum, todos os sítios lhe pareciam ridículos… trancava o carro e dizia ao vizinho que se tinha esquecido do isco no frigorífico.
- A vida não devia ser assim tão complicada.
Mas já nem tinha a noção se estava a exagerar ou se o que lhe estava a acontecer era mesmo uma granda merda que tendia a não desaparecer.
Não culpava ninguém por este desastre e nem era dos mais pessimistas tendo em conta o número de noites consecutivas que dormia sozinho. Dizia que apenas não tinha tido sorte… mas no fim acrescentava que mesmo assim não se podia queixar.

domingo, novembro 12, 2006


Essa vida é um Churrasco... S. Martinho em Madrid ronda o insólito por vários motivos... não comi castanhas e água-pé nem se fala... frente ao palácio assiste-se a um concerto religioso onde os bispos sacam da boina e põem-se a dançar con una marcha que te cagas!!!
Como se não fosse suficiente assisto à trashumancia, umas ovelhitas em viagem que insistem em atravessar o Centro da cidade...
Em Madrid está tudo de passagem e mais dia menos dia também virás parar aqui.

domingo, novembro 05, 2006

Essa vida é um Churrasco...em todos os sentidos.
Todavia a Bjork portuguesa aliviou a tensão, na Sala das Colunas, no Circulo de Bellas Artes... cruzei olhares com a Manuela, sempre cénica e eléctrica. Deu orgulho em ser português e partilhar uma lingua com palavras tão geniais e familiares. 14 anos de histórias desde o velhino Problema de Expressão até Dançar na Corda Bamba. Viva os Clã!!!